Passa o tempo, as horas vão empilhando-se umas em cima das outras. A noite ainda não te devolveu. Esta noite quente e solitária de um domingo que não quer chegar a segunda-feira.
Já viste as horas?, quando voltas?, saberás que me mantenho acordada na espera da chave que se esconde fechadura adentro?
As horas não te trazem, manténs-te nas sombras das avenidas principais e dos estores ruídos. Larga-os e vem sentir os morangos e as laranjas do nosso amor. Larga-os que vai longa e penosa a hora.
Quero folhear-te como a um livro novo, fresco, inviolado. Folhear-te como se fosses o único livro de todo o mundo.
Sabes, quando a noite se acerca da cabeçeira da cama, fazes falta. Fazem falta as tuas páginas, as tuas palavras, as imagens gravadas no teu corpo sonolento. Quando eu adormeço sem te ler, custa mais do que me é favorável admitir, mais do que precisas de mim.
Hoje passo os dedos por ti, romance diário e surpreendente porém. Porque sim...