E o Mundo criou o Dinheiro para Alimentar a Solidão
O mundo mudou e as gentes do mundo mudaram com ele, por ele.
As caravelas naufragaram por esses mares fora, são meras recordações de outro tempo.
E as gentes, ai as gentes!...
Sombras de quem foram, resíduos de humanidade apodrecida em si, magoadas sombras de sorrisos apagados.
Vendidas e compradas sem pejo, sem olhar a meios, sem que se levante uma só voz a contrariar estes leilões de almas.
EU... Eu tenho embaraço da roda que o mundo deu, tenho um revolver estomacal que não me deixa esquecer que o problema é a negação do problema.
Tudo se vende e tudo se compra, não se olhando a vontades alheias, despojos de amor e de dor, em negociações de esquina onde nada se ganha e pouco se conquista.
O mundo tem cores que o céu roubou e tem luzes que as estrelas invejam. Estão nos corações vendidos por migalhas das minhas gentes, estão nos seus olhos cansados. Nas mãos que a terra carcomeu, nos lábios que o vento cortou. Vendidos todos eles, tão singulares e cheios de estórias...
As minhas gentes solitárias que se vendem por menos do que alguma vez sonhado, aflitas que estão por contacto humano, loucas gentes sem uma mão que em si se poise.
Quem dá mais?!...