Um minuto passou, depois outro e outros mais se seguiram. O relógio avançava, impiedoso.
Não ligava para as lágrimas dela, para a dor estampada no seu rosto jovem. Não se condoía com o seu coração triste e amarrotado em desamor.
Os minutos eram assim, uns após ou outros, sem parar o mundo, para que ele olhasse para aquela mulher, outrora menina, em cima de um muro, a chorar.
E ela lá se quedava, abandonada pela flores, entregue à amarga solitude. Numa espera que não tinha porquê, em nome dum sentir que a traíra.
O amor tinha-a traído, sem razão aparente, sem explicação possível. Era por isso que esperava, do alto do muro. Pela resposta a todos os seus porquê's.
E embora ela soubesse, que saber não diminui a dor, ela não iria descer do muro, enquanto não soubesse porque havia o amor falhado.
Dúvidas, incertezas... Que dias mais me esperam, nesta angústia que enlouquece e ensurdece até não mais?...
Para quando a hora de que todos falam, a do cair do pano fraudulento e das benesses de quem as espera em quase desespero?...
Haja dias de um azul que aqueça o coração, que o livre das más memórias e o transporte, sereno e confiante, para longe dos rumores e boatos, das injustiças e falsidades, espelhos da futilidade.
O breu que envolve o não saber, é de tal forma denso que se torna palpável, o seu cheiro entranha-se na pele, a sua penumbra nota-se no sombrolho franzido.
Por hora, resta aguardar impacientemente, para que venha o dia de todas as decisões.