O Primeiro de Todos os Dias
Foi um Sol novo que se levantou quando o primeiro dos longos dias acordou. Um novo Sol cheio de promessas velhas e desejos revisitados...
E, todavia, um Sol, nem mais. Um dia, um novo recomeço, uma razão a mais para mudar as águas turvas que ficaram no ontem que se finou em estilo apoteótico, em luzes de todas as cores. Repleto de sonhos e fadas, de tempo que os pede realizados, sem desculpas, sem adiamentos.
O primeiro de todos os dias, nasceu para nós, olhem-no por toda a sua beleza, por todas as oportunidades que tráz consigo, hipóteses e hipóteses de um felicidade teatral, dramática, sentida no mais íntimo de nós.
Lá atrás, por entre o rasto do álcool, das purpurinas e dos copos descartáveis, ficou um ano inteiro, a juntar a tantos que por nós passaram, uns em glória, outros nem tanto. Lá atrás, onde só a memória chega, estão as bases de hoje e amanhã, dos homens e mulheres que seremos, foi lá atrás que os começámos a definir e é agora, a partir de agora que os continuamos, muito para mudar, muito para reinventar.
Aqui e agora, no primeiro de todos os novos dias, está na altura de sermos nós e só nós, a dar uma face renovada ao amor, trabalhando-o com as mãos nuas e capazes, que tudo á volta é caso de amor ou da falta dele, tudo se dá por nome dele, tudo se acaba sem ele. É dele que nasce a esperança infindável, a fé inexplicável, a tontice pura que tantas vezes nos falta.
Talvez seja eu, mais uma alma louca e sem cura, que vê o dia a nascer e se sente grata por fazer parte dele, por ter ultrapassado mais um ano difícil e ainda assim, ter durado mais que ele.
O ano que acabou, acabou, foi-se, esfumou-se. Deixou algo de si, claro, mas foi-se, não serve mais de desculpa para que tudo seja negro ainda, para que o Sol não brilhe.
Anos, bons, maus, há-os aos magotes. Vidas, temos esta. Eu escolho vivê-la. A partir do primeiro dos dias.