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L.C. Ferreira Word

Porque tudo o que conheço não chega, porque nunca direi vezes suficientes e porque sim...

L.C. Ferreira Word

Porque tudo o que conheço não chega, porque nunca direi vezes suficientes e porque sim...

Talvez de Hoje em Diante...

por lcferreira, em 05.06.11

 A minha aguarela agridoce

 Feita de sombra e de luz

 Geme com gemeria se fosse,

 Por eterna, minha cruz.

 

 A minha paleta privada

 É um arremesso da má-vontade

 Arremessada em mim, ó santificada

 Personificação da Verticalidade.

 

 Utopia, quem diria

 Que me achasse 'inda tão formosa e nova

 A bagagem que o ópio trazia

 Seriam os sapatos com que iria para a cova.

 

 Machadadas, machadadas, sempre machadadas

 O auto-de-fé mais frio e melhorado

 Nas costas, nas mãos, na voz, machadadas

 A limitar o voo conquistado.

 

 Lealdade a um nome que não se esquece

 Por um Povo que vive a viver fingir

 Um País que já não se parece

 Consigo mesmo, e se está a sumir.

 

 Por entre estas capas de Fado falso

 E esta onda do deixar andar

 A andar veloz para o cadafalso

 A minha aguarela vai-se a apagar.

 

 Glorifica-se o estado de analfabetar

 Que falar com modos é antiquado

 Os homens de amanhã vão acordar

 Ignorantes do poder do próprio legado.

 

 Um legado de bravos conquistadores

 Homens sedentos de aventura

 Poetas, fadistas, célebres navegadores

 De um tempo que não se perdura.

 

 A minha terra chora

 Pela estupidificação das massas

 Maldita que não chega a hora

 De (ó Portugal!) sacudir-te as traças.

 

 

Utopia

por lcferreira, em 30.05.11

 Nasceu, mais uma das manhãs ensandecidas da Babilónia, mais um remoinho de vida mal composta, suja e imoral. Despontou na ombreira da janela, causta e inquieta, não adivinha de si o que trás. Alvorada rubra e raiosa, louca e perversa.

 

 Na Babilónia dos cheiros partidos, os homens e as mulheres não são uns dos outros, são unos uns com os outros, numa montanha de carne de todas as cores. Lá, o amor tem sabor de uns e outros, tem nome deles todos, uma amálgama de sentires em uníssono. Sem juízos de valor, sem mal dizeres ou rotulações.

 

 Daqui, de fora dos portões dessa Babilónia medieval, o dia amanhece como outro qualquer, puro e impenetrável. Repleto de mesquinhez e maldade gratuita, de extintores arremessados sem porquê. Aqui, onde a guilhotina enferrujou e a lei mudou, os mancebos e párias tomaram o mundo e fazem dele o que lhes convém, perante a conivência dos nossos líderes.

 

 Deixem-me escapar destes vales repletos de sombras e vultos escondidos na mentalidade da alcateia dos covardes. Deixem-me entrar pelos portões dourados da fantasia, essa Babiilónia que não julga, que não impele a força do que quer, que deixa viver, que deixa amar, ou não, sem quaisquer entraves. Deixem-me sentir o gosto da terra e da água, do suor e do sangue. Deixem-me sorrir e chorar, sem parecer tola ou fraca.

 

 Quero evadir-me desta realidade feia e decrépita dos dias.

 

 

Detrás da Neblina, Por entre o Nevoeiro

por lcferreira, em 19.09.10

 Pudesse eu ver por entre a neblina das gentes e o nevoeiro das hipocrisias dessas gentes.

 Pudesse eu ver as planícies da fraternidade de outros tempos idos. As mãos unidas de pessoas diferentes, em nome do melhor mundo possível, em nome duma causa maior que as disputas fúteis que nos alimentam os dias. Em nome de todos, sem nomear destinatários.

 

 O caminho da esperança é baço, ingénuo até. É desprovido de maneirismos ou artefactos, vinca-se nos factos para os quais é necessária e urgente a acção. É política, sendo que tudo é política hoje em dia, mas sem que se corrompa ou venda. É, além de querer, fazer por que amanhã seja um amanhecer melhorado, justo. Ingenuidade e fé.

 

 Pudesse eu entranhar esses sentires nos homens de hoje e de amanhã, fazê-los sair da sua zona de conforto e levá-los para a zona de confronto, ensiná-los a reivindicar o seu direito legítimo de ter uma palavra a dizer sobre os seus futuros. A serem Che's contra Salazares em Armani, resultados da falência dos valores, ardilosos contadores de estórias longas que nada dizem. A serem donos de si, por entre a neblina.

 

 Algures, detrás daquelas nuvens que bloqueiam as vistas, há um sol e uma lua, prontos para brilhar nos olhos de quem se atreva a tal, há estrelas a piscar, pequenos pontos lá ao fundo, pequenos como nós vistos de lá do fundo. Ser pequeno não é desculpa para não brilhar.

 

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