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L.C. Ferreira Word

Porque tudo o que conheço não chega, porque nunca direi vezes suficientes e porque sim...

L.C. Ferreira Word

Porque tudo o que conheço não chega, porque nunca direi vezes suficientes e porque sim...

change

por lcferreira, em 14.08.14

o mundo mudou perante os olhos vazados de quem não dorme. vestiu-se de um fel que abandona as vestes sagradas e escondeu-se dentro do bolso húmido de uma noite de tempestade. o mundo deixou de ser o lugar onde os sonhos comandam o ser e tornou-se no canto vergonhoso do universo. um embróglio de fotos assexuadas e de dizeres embriagados. o mundo mudou porque a natureza dos homens tem o condão de ser um alastrar de doenças venéreas.

 

um voo para marte fica por quanto?

a noite tem horas a mais, o amor não

por lcferreira, em 15.06.14

e se eu disser que nada mais há a fazer e se o tecto desabar por cima dos teus pecados e todo o céu se encher de fogo e mágoa? se por entre o fado e o fardo de já nada mais haver a dizer e tanto já se ter chorado em dor e angustia, se tudo isso virar um pó que nos tape os olhos e nos perfure os pulmões? se o dia morrer no surdo lamento não dito e a prata de que se faz a lua derreter para cima dos corpos que ocupamos e nos for negada a barca?

 

por entre a devassidão dos dias deixados para amanhã e os amanhãs que nunca mais nos verão unidos, que te resta nesse pequeno mundo pintado de grades feitas de arrogantes ares cravejados de nicotina? 

 

é isso o famoso amor? pedaços de nada regados a fel num discurso irónico e vazio? 

 

dói. mas irá deixar de doer. de ti nunca nascerá a semente fértil da felicidade.

 

O Amor passou e o ser humano ruiu

por lcferreira, em 03.04.14

Era mais que um bafo no pescoço. Era mais que um longo e profundo suspiro. Era tanto quanto um passo que se perpetua na areia até a água o fazer esfumar por entre ela. Menos quente que o corpo, mais frio que o mar, era algo que se agarrava ao intimo do ser, um pedaço de cor sem matiz, uma sombra na córnea, uma picada no fundo das costas.

 

Mas depois ganhava peso, ganhava textura e ganhava voz. Vinha munida da força dos desalinhados amores e dos ternos ódios de estimação. Socava as paredes como se fossem punhos de um sopro de lobo mau, socava e socava, até vir toda a fundação abaixo, até nada mais haver que uma nefasta recordação de algo que nunca gerou cria.

 

As idas e as vindas fazem a vida ser mais e menos, fazem sabor e tiram fulgor. Mas faz parte de se ser um ser, dos que levam a vida na ponta do coração, navalha da língua em riste, vivo e morto nas batalhas perdidas e ganhas.

 

Enquanto isso, em 2014...

por lcferreira, em 30.03.14

Fechei as portas do Céu e da Terra de uma assentada, queimei as asas aos anjos e fundi os cornos dos demónios. Morri dentro de mim e renasci nas mãos tuas. Dentro do teu sangue e suor, debaixo da tua pele e por entre as tuas golfadas de ar.

 

Sei lá se estou perdida demais para que seja salva, apenas quero este sonho tornado real, esta vertigem enebriante que me invade e me suscita a vontade de ser mais, esta sede de um amanhã igual a este hoje.

 

Dá-me a mão, vem comigo, a loucura é um passo necessário à beleza de se estar vivo.

 

Frases à Solta

por lcferreira, em 14.11.11

 Uma melodia inesperada é aquela que não tem som, a que se encontra no olhar de uma criança, numa mão dada debaixo de uma mesa, no sorriso de uma mãe, na lágrima de um desejo. É a vida e o destino unidos na personificação de um sentimento.

 

E O Dia Nasceu Sem Vida Ou Fui Eu Que Não Quis Saber

por lcferreira, em 08.11.11

 

 Esfumava-se por entre os cantos da memória, aquele cheiro, aquele bafo quente, todo e cada centímetro daquela pele agreste.

 Ia e voltava, como um fantasma regressa a casa ou um criminoso regressa ao local do crime. Voltava e era acolhido, ou não. Mas voltava na mesma, instalava-se supremamente no seu trono de preferência e sorria, como sorriem os gaiatos quando estão felizes e seguros.

 

 Essa segurança que era só dele, essa segurança do meu regaço que era só dele, era o que o fazia voltar, fosse dia ou noite, estivesse eu de acordo ou não. E mesmo que fosse de desacordo o meu olhar, ele fazia-me render aos seus intentos, naquele calor que vem de dentro das almas apaixonadas, cegas e sombrias. Sombrias sim, que é penoso amar, é duro e frio e tem linhas de dor em todo o seu redor. Mas vale a pena, toda e qualquer lágrima vale o seu peso em ouro por aquele segundo em que o mundo pára e se suspende e tudo é luz e alegria sincera.

 

 Ele voltava, envolto em nuvens de amor e desgraça, com a voz que me afugentava os pesadelos e me adormecia, que me fazia estremecer as pernas e as mãos, me suava o parte detrás do pescoço e deixava a minha própria voz com o seu timbre grave. E eu acostumava-me aos seus ares de um homem que sabia que era meu, que sabia que eu era dele, que sabia mais de mim que eu mesma sonhava ser.

 

 Ele levava-me ao céu e ao inferno de mim, dele também. Levava-me ao topo da serra e mostrava-me o mundo e o céu ao alcançe de um palmo, dava-me tudo o que tinha em si e eu era estrelas e lua e luzes da cidade em todo ele. E depois saía da minha vida novamente, sem bilhetes nem flores, sem recados ou palavras soltas. Largava-me no desespero de ser um vulto sem ele.

 

 Um dia quis retornar ao meu regaço, depois de deixar palavras nefastas escritas a sangue no meu peito.

 

 Mas há sempre uma altura em que o amor por nós se subrepôe ao medo de estarmos sós.

 

 E ele não voltou mais...

 

 

The Flood

por lcferreira, em 03.11.11

 

 O dilúvio fez-se senhor dos céus e do mar, engoliu as terras e salgou as praias.

 

 Por todo o lado, jazem os chapéus de uma chuva que não cessa e não se rende às rezas das gentes aflitas. Por entre os edfícios acimentados, o vento bufa as amarguras e não se importa com o quê ou quem leva nos braços.

 

 E aqui, no calor fresco da humidade das contruções baratas, as janelas dão-me a conhecer a negritude da noite e seus passageiros distantes, que correm em busca de um abrigo. Sem voz nem face, lá ao longe, numa rua da qual não conheço o nome.

 

 Não alcanço o mar, fundiu-se com o céu num tom de tempestade vestidos, ligados pela àgua que foi do mar e do ar, nesse ciclo de vida ancestral e dominante.

 

 Resta a esperança da bonança que tráz o amanhã ou o dia depois desse.

 

 

O Meu Coração Caiu-me do Peito

por lcferreira, em 09.10.11

 À laia de desastre, no momento em que comemoro um aniversário, um pedaço de mim morre e desta vez, possivelmente para sempre.

 

 É duro e vil, cruel mesmo, que a boca tenha vida própria e não obedeça a civismos nem reflecções. Mas a boca foi feita para falar, para beijar, não sabe ficar indiferente a posições de desamor.

 

 E o peito chora, todo o mundo cái em cima dos meus costados e eu, engolida que sou neste buraco negro da alma, definho sem forças nem vontades, sem uma parte que é minha e me está a ser negada.

 

 Concessões. Fazê-las, esperar que as façam. Querer as coisas mais simples do mundo e ver que não se dão.

 

 O coração de uma mulher, seja ela quem for, quer vir em primeiro, numa prioridade quase infantil, quer devoção e companhia.

 E quando não tem esse sustento que lhe dá vida, murcha em si.

 

 

 Deixaste-me com o peito vazio.

 

 

Eu Sou o Sonho Que Não Usa Sorrisos

por lcferreira, em 06.10.11

 Sonhei com um amanhã que não existe, um sorriso que me arrancaram do peito.

 

 Sou um ser ausente da realidade, invento um hoje só para mim, ninguém lá entra, ninguém quer. Sou uma falha de existir, aqui permaneço sem saber porquê, para quê.

 Não sinto como se tivesse vindo do ventre de minha mãe, é como se me tivessem deixado abandonada num mundo que não é meu, num corpo que não reconheço, uma voz que não é igual à que vive na minha cabeça, um coração que chora mais que vive.

 

 Sou um pedaço perdido da alma que habitei, num tempo mais longe do que a memória alcança. Um lamento vago da terra batida, um sopro de um vento que aquece o céu.

 

 Sou menos do que sonhei ser, não percebo as demandas desta vida enredada em si.

 Nem sei se quero...

 

 

Quem Pediu Outra Volta?

por lcferreira, em 28.09.11

 A Vida virou-se de cabeça para baixo, de pernas para o ar. Abriu os braços para o céu e atirou-se para a relva.

 

 Virou as costas à sorte e aos favores do sentir, deixou-se ficar sem defesas, abraçou a tempestade.

 

 Já não há dias felizes na Terra do Nunca, o carrocel parou e os póneis fugiram.

 

 O Amor morreu, e não houve mais Vida, o funeral deu-se sem choros nem rosas.

 

 

 Quero deixar de ser infeliz, quero ser ar e nele me entregar, sem medo do que o coração me vai dar a escolher.

 

 

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