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L.C. Ferreira Word

Porque tudo o que conheço não chega, porque nunca direi vezes suficientes e porque sim...

L.C. Ferreira Word

Porque tudo o que conheço não chega, porque nunca direi vezes suficientes e porque sim...

O Amor passou e o ser humano ruiu

por lcferreira, em 03.04.14

Era mais que um bafo no pescoço. Era mais que um longo e profundo suspiro. Era tanto quanto um passo que se perpetua na areia até a água o fazer esfumar por entre ela. Menos quente que o corpo, mais frio que o mar, era algo que se agarrava ao intimo do ser, um pedaço de cor sem matiz, uma sombra na córnea, uma picada no fundo das costas.

 

Mas depois ganhava peso, ganhava textura e ganhava voz. Vinha munida da força dos desalinhados amores e dos ternos ódios de estimação. Socava as paredes como se fossem punhos de um sopro de lobo mau, socava e socava, até vir toda a fundação abaixo, até nada mais haver que uma nefasta recordação de algo que nunca gerou cria.

 

As idas e as vindas fazem a vida ser mais e menos, fazem sabor e tiram fulgor. Mas faz parte de se ser um ser, dos que levam a vida na ponta do coração, navalha da língua em riste, vivo e morto nas batalhas perdidas e ganhas.

 

Filiação não é nação

por lcferreira, em 01.04.14

Sabias de cor cada letra da minha história, dentro da que era tua. Saberias o meu nome?, as cores da minha alma? Quando a cortina se cerrou e a terra se abriu para te receber, saberias tu que eu era mais do que uma parte do teu legado, que era mais de mim do que alguma vez fora de ti, que os filhos e os pais não são mais do que nomes sem sentido se não lhes adicionares sentires? Forjei-me em fogo e força, suei para sair da tua sombra e quando me encontrei, tudo quanto queria era reconhecimento. Perdeste a luta, perdeste a guerra, que os cordões umbilicais não são nada sem sentires, os genes não são nada sem sentires. a puta da vida, se não a viveres com sentires e os direccionares para outros, será uma puta de uma vida vazia, feia e amarga. Eu não vou levar a minha vida com travo amargo pelos pecados que não cometi. Cometerei os meus próprios pecados e por eles pagarei. Pelos teus, paga tu ao barqueiro.

Dream it

por lcferreira, em 15.02.13

Sabes aqueles dias em que apenas te apetece ficar perdida num sonho e não acordar?

Não porque o mundo cá fora esteja pintado de negro. Não porque não tenhas quem te queira ou para onde ir.

 

Apenas porque nos sonhos tu voas e crescem-te asas. Nos sonhos tens a voz e o timbre de um canário raro e cintilante. Nos sonhos és mais do que já és, és a essência de ti.

És o sangue que te corre nas veias a saltar-te dos poros como raios de sol. 

 

 

Os dias não esperam por ti, a vida não se suspende porque o teu sonho tem cores que nunca antes viste. Vá, vamos acordar. Logo haverão mais sonhos, encontramos-nos por lá.

E O Dia Nasceu Sem Vida Ou Fui Eu Que Não Quis Saber

por lcferreira, em 08.11.11

 

 Esfumava-se por entre os cantos da memória, aquele cheiro, aquele bafo quente, todo e cada centímetro daquela pele agreste.

 Ia e voltava, como um fantasma regressa a casa ou um criminoso regressa ao local do crime. Voltava e era acolhido, ou não. Mas voltava na mesma, instalava-se supremamente no seu trono de preferência e sorria, como sorriem os gaiatos quando estão felizes e seguros.

 

 Essa segurança que era só dele, essa segurança do meu regaço que era só dele, era o que o fazia voltar, fosse dia ou noite, estivesse eu de acordo ou não. E mesmo que fosse de desacordo o meu olhar, ele fazia-me render aos seus intentos, naquele calor que vem de dentro das almas apaixonadas, cegas e sombrias. Sombrias sim, que é penoso amar, é duro e frio e tem linhas de dor em todo o seu redor. Mas vale a pena, toda e qualquer lágrima vale o seu peso em ouro por aquele segundo em que o mundo pára e se suspende e tudo é luz e alegria sincera.

 

 Ele voltava, envolto em nuvens de amor e desgraça, com a voz que me afugentava os pesadelos e me adormecia, que me fazia estremecer as pernas e as mãos, me suava o parte detrás do pescoço e deixava a minha própria voz com o seu timbre grave. E eu acostumava-me aos seus ares de um homem que sabia que era meu, que sabia que eu era dele, que sabia mais de mim que eu mesma sonhava ser.

 

 Ele levava-me ao céu e ao inferno de mim, dele também. Levava-me ao topo da serra e mostrava-me o mundo e o céu ao alcançe de um palmo, dava-me tudo o que tinha em si e eu era estrelas e lua e luzes da cidade em todo ele. E depois saía da minha vida novamente, sem bilhetes nem flores, sem recados ou palavras soltas. Largava-me no desespero de ser um vulto sem ele.

 

 Um dia quis retornar ao meu regaço, depois de deixar palavras nefastas escritas a sangue no meu peito.

 

 Mas há sempre uma altura em que o amor por nós se subrepôe ao medo de estarmos sós.

 

 E ele não voltou mais...

 

 

Eu Sou o Sonho Que Não Usa Sorrisos

por lcferreira, em 06.10.11

 Sonhei com um amanhã que não existe, um sorriso que me arrancaram do peito.

 

 Sou um ser ausente da realidade, invento um hoje só para mim, ninguém lá entra, ninguém quer. Sou uma falha de existir, aqui permaneço sem saber porquê, para quê.

 Não sinto como se tivesse vindo do ventre de minha mãe, é como se me tivessem deixado abandonada num mundo que não é meu, num corpo que não reconheço, uma voz que não é igual à que vive na minha cabeça, um coração que chora mais que vive.

 

 Sou um pedaço perdido da alma que habitei, num tempo mais longe do que a memória alcança. Um lamento vago da terra batida, um sopro de um vento que aquece o céu.

 

 Sou menos do que sonhei ser, não percebo as demandas desta vida enredada em si.

 Nem sei se quero...

 

 

Quem Pediu Outra Volta?

por lcferreira, em 28.09.11

 A Vida virou-se de cabeça para baixo, de pernas para o ar. Abriu os braços para o céu e atirou-se para a relva.

 

 Virou as costas à sorte e aos favores do sentir, deixou-se ficar sem defesas, abraçou a tempestade.

 

 Já não há dias felizes na Terra do Nunca, o carrocel parou e os póneis fugiram.

 

 O Amor morreu, e não houve mais Vida, o funeral deu-se sem choros nem rosas.

 

 

 Quero deixar de ser infeliz, quero ser ar e nele me entregar, sem medo do que o coração me vai dar a escolher.

 

 

Embrace The Feeling

por lcferreira, em 16.07.11

 Não obstante as dores do passado.
 Não dando vazão para os dias negros do futuro.
 Tendo completa noção dos obstáculos do presente.

 Sabendo que pode correr mal.
 Dando azo para que corra.
 Mesmo errando sucessivamenta.
 Esperando o melhor.
 Fazendo o pior.

 Deixo cair o muro e deixo-me às mãos dum poder maior.

 Apaixono-me.

 

 

Cale-se a Vontade Irracional

por lcferreira, em 15.07.11

 Queria poder gritar que te amo mas não posso. Queria poder te abraçar e tocar e beijar à luz do dia, não devo. As pessoas olhariam para mim e diriam que sou louca. E sou. Sou louca por ti e por ser tua. Sou louca que nem uma adolescente apaixonada pela primeira vez. É isso, estou apaixonada. Mas não era suposto, não me era permitido, simplesmente não é. Ainda assim, grito a ti, no silêncio rouco das nossas horas, que te amo, que te adoro, que sonho contigo, que adormeço e acordo contigo no pensamento.
 

 Se ao menos fosse verdade. Se ao menos fosse possível.

 

Talvez de Hoje em Diante...

por lcferreira, em 05.06.11

 A minha aguarela agridoce

 Feita de sombra e de luz

 Geme com gemeria se fosse,

 Por eterna, minha cruz.

 

 A minha paleta privada

 É um arremesso da má-vontade

 Arremessada em mim, ó santificada

 Personificação da Verticalidade.

 

 Utopia, quem diria

 Que me achasse 'inda tão formosa e nova

 A bagagem que o ópio trazia

 Seriam os sapatos com que iria para a cova.

 

 Machadadas, machadadas, sempre machadadas

 O auto-de-fé mais frio e melhorado

 Nas costas, nas mãos, na voz, machadadas

 A limitar o voo conquistado.

 

 Lealdade a um nome que não se esquece

 Por um Povo que vive a viver fingir

 Um País que já não se parece

 Consigo mesmo, e se está a sumir.

 

 Por entre estas capas de Fado falso

 E esta onda do deixar andar

 A andar veloz para o cadafalso

 A minha aguarela vai-se a apagar.

 

 Glorifica-se o estado de analfabetar

 Que falar com modos é antiquado

 Os homens de amanhã vão acordar

 Ignorantes do poder do próprio legado.

 

 Um legado de bravos conquistadores

 Homens sedentos de aventura

 Poetas, fadistas, célebres navegadores

 De um tempo que não se perdura.

 

 A minha terra chora

 Pela estupidificação das massas

 Maldita que não chega a hora

 De (ó Portugal!) sacudir-te as traças.

 

 

Não Olhes Para Trás

por lcferreira, em 04.06.11

 Não voltes, não voltes. Não me dês esperança nem ânsia. Não voltes as costas, não olhes para trás.

 Deixaste-me aqui, no frio escuro da noite estrelada, sem ti, quase sem mim mesma. Abandonaste-me, sem pejo nem arrependimento, porque os hás-de ter agora?... Não, não voltes. Não quero mais desse amor disfarçado, dessa dor enunciada, desse chorar que não se cala.

 

 Foste e eu, sozinha na penumbra de mim, içei-me do buraco negro do teu legado, fiquei em pé, por mim.

 Agora que te dás conta dos erros do teu julgar, do rumo das tuas escolhas insensatas, acreditas que ainda sou tua, que esperei por ti.

 

 Não sou mais tua, sou minha, sou desta noite a que me entregaste, não voltes. Não sejas mais o vilão, o mau senhor, basta que não voltes.

 

 Dei-te o que sabia, o que tinha, o que não podia. E tu partiste. Não voltes, o que era de ti, já se foi.

 

 

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