O Amor Não é Coerente
Sou estúpida e parva e grito e digo asneiras.
Sou terna e amorosa e faço tudo quanto queres.
Menos resignar-me e deixar cair a imensa falta de tacto com que me tacteias nuns dias.
Sou tua e isso pôe-te num lugar confortável de onde não queres sair, nem que seja para fazeres valer o estatuto.
És uma besta com um b muito maiúsculo e não me ligas patavina dias inteiros por saberes que ainda assim, estou lá, sou tua.
E a culpa é minha por te deixar ser assim e te dar a segurança do meu regaço e do calor do meu amor que correu atrás do teu para o aninhar nele.
A culpa é tua por seres assim e não te esmerares para mudar por mim e por nós e esperares que eu faça tudo e tudo se resolva por si só sem que tenhas que lutar por isso.
Sim, sou estúpida e parva mas dou-te todo o meu amor e provo-to e mostro-to e tento falar contigo para se dar uma solução às coisas, às nossas coisas e tento e tento e tento outra vez.
O quê que tu fazes?
Aturares-me apenas, apesar de difícil não é suficiente, eu também te aturo e as bases de uma relação não se medem pela capacidade de aturar o outro.
Sou tua, tão tua que mete nojo, o medo de te perder é palpável e tu sabe-lo, parece que te aproveitas disso vez em quando.
Durmo, o zumbido no meu ouvido estraga o que é de bom guardar, os cheiros e as flores que os sonhos negros engoliram. O céu é uma sombra sobre as árvores nuas. Vou adormecer com elas.
Tenho saudades tuas.
