Contigo?...
Não sou igual sem ti, sem o teu cheiro forte, sem teu passo firme. Não sou. E não gosto.
Peço-te que voltes, que olhes para o que deixaste acontecer e retornes. Eu sei que não partiste. Mas parece. Não estás aqui como suposto, estás e não te sinto, sinto que não te tenho. Sinto um turbilhão no peito, uma tempestade na cabeça, um sem número de coisas más e vis, que não quero, que não gosto, mas que estão cá dentro de mim, a consumir-me, a esgotar o meu amor, a testar a minha saúde. E tento que as entendas mas não consigo e isso só me faz sentir pior, apenas me deixa mais triste e cansada e derrotada. Deixa-me sem conseguir respirar.
Estou cansada de ter esperança, cansada de estar cansada, exausta na espera de um milagre, duma intervenção divina que não chega e não se dá. Sinto-me velha, encarquilhada, fora do meu tempo e do meu jogo, outra de mim que não eu. Esta não sou eu. E tu não entendes, não vês. Não percebes que me perdes por não estares aqui, onde eu estou, a tentar, mesmo com mau ar, mas a tentar, a falar, a querer melhorar, a saber que não falar e dar mais tempo às coisas que mal estão, não vai ajudar, não tem ajudado. Não estás aqui, envolto no enredo da tua vida complicada, sem desejar mais complicações a acrescentar a muitas. Eu também as tenho. Mas estou aqui, não fui a lado nenhum, não finjo que está tudo bem. Talvez fosse mais feliz viver numa ilusão que fabricasse para me amenizar a alma. Mas seria viver em mentira e eu não aprendi a viver a vida assim, recuso-me, não aceito viver assim.
Talvez estivesse enganada quando acreditei que o amor salvava tudo, que bastava amor entre duas pessoas para fazer rodar o mundo da melhor maneira, talvez tenha sido ingénua, inocente, crente numa fábula infantil. Parva. Não contei que amar, não dá vontade às pessoas para fazer melhor, achas que o tempo resolve o que é nosso de resolver, juntos, sem guerras civis, sem feridos, sem sangue derramado. O tempo tem ares de cura mas não aqui, não agora, não nisto. Isto é nosso de ultrapassar e eu não sei se queres.
Precisamos de ajuda, eu preciso de ajuda, encurralada que estou neste remoinho de negatividade e lágrimas em que me encontro. Preciso de ti, presente, com vontade, sem dizer que o tempo a que se arrastam os problemas não é assim tanto como eu faço parecer, nesta ânsia de mudar o rumo que escolheste tomar e nele me arrastar. Todo o tempo que perdemos, não é recuperável. Dizeres que é, não faz de ti ingénuo nem inocente.
Faz de ti mentiroso.